No futebol a coerência não pode ser levada ao pé da letra. Penso que ela não é nem mesmo uma virtude. A verdade de ontem é a mentira de hoje. E assim por diante. Nada educativo.
Mas, na vida, a coerência igualmente é quase inatingível. Sem perceber, caímos em contradição. Além disso, as ideias e opiniões normalmente mudam com o tempo.
Há pessoas que fazem questão de chutar a coerência pela linha de fundo. Elas preferem estar sempre do lado daquilo que possa favorecê-las ou interessá-las.
Dunga nunca foi um sujeito polido ou preocupado em agradar. A exemplo de outros treinadores, ele só pensa em ganhar.
Não importam os meios. Se precisar, ele parte para ignorância, exatamente igual ao que fizeram antes outros grandes nomes do nosso futebol.
Ou alguém esqueceu das “grosserias” históricas do atual técnico da seleção brasileira? Ou dos “faniquitos” de Vanderlei Luxemburgo? De uma forma geral, os treinadores dão um péssimo exemplo de cidadania.
Dunga é um bom técnico na armação e nos treinamentos. É ruim na relação com a imprensa e com a ética. No entanto, a principal, ou única, função de um treinador é ajudar os jogadores a realizar, em campo, tudo o que sabem.
Invariavelmente os grandes vencedores são intempestivos. As vezes, inconsequentes, truculentos, autoritários e mandam parar as jogadas no meio-campo.
Felipão é um dos poucos que assume esta postura. A sua franqueza faz grande parte dos torcedores gostar dele. Pelo menos aqui no Sul.
“Técnico bom é o que não atrapalha,” falou Romário. Não sei se o “Baixinho” está totalmente certo, mas noto que no futebol as pessoas são previamente rotuladas.Não há meio termo. Só enxergam seus defeitos. Ou, se for o caso, suas virtudes.
Por isso, fica a pergunta: será que o humorista da Rede Globo Marcius Melhem não está contaminado pelo meio quando disse, no programa canal SPORTV, que Dunga deveria ser “banido do futebol”?
Hein? Ou estou equivocado?