Opinião de um especialista em Arenas

mar-23rd-2013

Opinião de um especialista em Arenas

Publicado em 23/03/2013 por

Por “melhor” entendam, qual deles proporcionará mais receitas no curto e médio prazos para seus utilizadores ?

De toda a renovação de infra estrutura de estádios de futebol no Brasil, os 3 projetos citados chamam mais a atenção.

Por serem novos, e por seguirem linhas diferentes, tanto na modelagem financeira, quanto na de negócios.E muitos torcedores desses clubes constantemente me perguntam qual deles seria “o melhor”.

Em princípio, o modelo de estruturação financeira adotado por um clube privado para a construção de um estádio, depende fundamentalmente do que ele “tem a dar”, não apenas em termos patrimoniais, mas com ativos intangíveis (marca, tamanho de torcida, poder aquisitivo etc).

Assim, quem menos dá, menos receberá à curto e médio prazos (no longo todos lucrarão), pois o investidor precisará de mais tempo de exploração do equipamento para obter o retorno do investimento.
Portanto que fique claro que essa abordagem não se refere ao projeto arquitetônico, se é mais funcional, arrojado ou “bonito”, mas sim, à estruturação do projeto e a capacidade do equipamento de gerar receitas.
Dentro desses conceitos, o estádio gremista é o mais interessante, porque foi o clube que mais ofereceu contrapartidas patrimoniais ao projeto. Ao “trocar” o Olímpico pela nova arena, o clube gaúcho certamente conseguirá receber receitas expressivas, mesmo nos primeiros 10 anos de exploração.
O Corínthians é o extremo oposto. Entrou no negócio apenas como utilizador, e canalizando para o empreendimento a força de sua marca e de sua imensa torcida (o que não é pouco).

Apesar do discurso do clube, é pouco provável que consiga receitas expressivas em menos de 10 anos, e se o fizer, o tempo de exploração pelo consórcio construtor aumentará.

Tambem informam que o modelo de negócio, ao contrário das demais, será baseado apenas nos jogos de futebol (matchdays). Segundo declarações, o clube espera “integralizar” uma parte do investimento via “naming rights”, mas os valores especulados parecem exagerados e fora da realidade atual desse mercado no Brasil, que ainda morre de mêdo de patrocínios de longo prazo.

Já a nova arena palmeirense, estaria no meio termo. A contribuição do clube é a própria área onde será erguido o equipamento. Isso permitirá ao clube obter um fluxo de receitas razoável nos primeiros 10 anos, mas longe do montante que muitos imaginam. Além disso terá que continuar pagando para jogar até que o novo estádio esteja pronto, o que não acontecerá com o tricolor gaúcho.
Em termos de mercado, as arenas paulistas levam a vantagem do mercado maior, porem enfrentarão a concorrência do Morumbi (principalmente a do Palmeiras em relação às receitas marginais), ao contrário da arena gremista que, por ser nova e mais estruturada, deverá levar vantagem sobre a do Inter nesse aspecto.
Resumidamente, a arena do Grêmio parece ser aquela que mais poderá alavancar as receitas do clube à médio prazo, pela conjugação da melhor modelagem financeira com um “business” baseado na utilização multiuso do equipamento, entretanto, de forma geral, os 3 clubes se beneficiarão bastante ao disporem de arenas modernas e de boa capacidade (que possam viabilizar planos de fidelização, por exemplo) e que, certamente, lhes darão suporte para um novo ciclo de crescimento para as próximas décadas.

Ricardo Araujo
estudou para ser geólogo, mas desistiu. Acabou se especializando em planejamento e gestão de arenas esportivas. Fundou uma agencia de negócios esportivos, foi parceiro de multinacionais do setor, e hoje presta consultoria e ministra cursos na área.

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