Mídia perdida

maio-4th-2013

Postado por Ricardo Vidarte

Um dos setores mais afetados pelo advento da internet foi o da comunicação, a mídia. E o bombardeio virtual atinge tanto o setor comercial dos veículos de imprensa, quanto o profissional.  Ainda não dá para medir o tamanho do estrago que a publicidade online (75% do total no Google Adwords) provocou na mídia eletrônica, menor apenas que a queda da propaganda tradicional nos jornais impressos.

No entanto, como vimos ontem, não são somente os donos dos veículos midiáticos que estão perdidos com a concorrência da rede mundial de computadores. Os profissionais de imprensa parecem, muitos deles, acometidos de uma diarreia mental sem registro na história do jornalismo.

A velocidade imposta pelas tecnologias da informação, agregada ao espaço “jornalístico” à disposição dos internautas nas mídias e redes sociais, transformou boa parte dos usuários em criadores de conteúdos, repassadores de notícias e fotógrafos dos fatos cotidianos e das tragédias e alegrias humanas. Muitas vezes, o usuário, em vez de espectador, é o próprio protagonista do fato.

Com isto, a mídia tradicional, antes detentora, através de seus agentes jornalistas, do monopólio da informação, pela capacidade exclusiva de repercutir as notícias de sua região e do mundo, tinham concorrência apenas em seus colegas de outras emissoras. Ambos estão sendo ultrapassados pelos usuários das mídias e redes sociais, na entrega da informação à sociedade,  já que aqueles agora estão de posse dos instrumentos e dos meios para repercutir notícias.

Recentemente, dois jornalistas muito conhecidos do público esportivo e dos gaúchos em geral pagaram um mico constrangedor,  ao repercutir a informação (uma brincadeira de dois tuiteiros) da contratação de um suposto atleta argentino “Enrico Cabrito”, pelo Grêmio. O primeiro colocou em seu twitter, dando “em primeira mão” a notícia e o segundo, no horário nobre do canal de televisão líder de audiência no Rio Grande do Sul.

Os profissionais foram presa fácil da “notícia quente” e, no afã de repercuti-la o mais rápido possível, deixaram de lado a básica consulta da fonte. Não existia nenhuma contratação e nem mesmo o atleta. Foi uma brincadeira de dois tuiteiros, jornalistas, muito conhecidos nas TLs do microblog, que postaram mensagens fazendo referência a uma possível contratação de um lateral esquerdo argentino, para suprir necessidade do time tricolor.

Os veículos de imprensa e o jornalismo devem ser repensados, diante de tal quebra de paradigma que estamos assistindo neste momento planetário diferente. Se, de um lado, temos na grande imprensa a segurança de uma informação de qualidade, a velocidade com que os fatos estão chegando aos consumidores das notícias ameaçam a escolha daquela, até pelo fato consumado do conhecimento geral da informação.

E, como vimos, a qualidade da informação foi deixada de lado, na tela da líder de audiência, exclusivamente pela tentativa de furar a notícia, de dar em primeira mão a informação sobre a contratação de um jogador e com isto obter a primazia sobre a notícia, pelo tamanho da audiência e da consequente repercussão.

Perderam-se os jornalistas, sintoma de uma mídia perdida.

Texto de um autor desconhecido.

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