O impacto da implosão do Olímpico

fev-6th-2013

O OLÍMPICO DEVE SER PRESERVADO? O PREÇO DA IMPLOSÃO DO ESTÁDIO.

O debate sobre a preservação do Estádio Olímpico tem mobilizado uma parte da opinião pública, lamentavelmente,  somente a que mais acompanha futebol.

O tema, porém, é bem mais importante do que o simples debate esportivo, por mais relevância que tenha o futebol em nossa sociedade. Na verdade, o inverso da preservação do estádio é o grande problema, ou seja, sua destruição e, particularmente, a forma através da qual isso ocorreria, posto que se trata da implosão do prédio.

É muito provável que a sociedade nem perceba, ainda, o desastre ambiental que se avizinha. A implosão de um prédio, das proporções do Olímpico Monumental, joga e deixa no ar toneladas de pó de concreto e ferro por muito tempo. Desde as mais singelas complicações respiratórias, decorrentes de questões de alergia, até bronquites e o severo enfisema, passam a ter um agravamento brutal em função da poeira liberada.

E esse problema, que dura meses, não se restringe ao bairro Azenha, que é o mais afetado diretamente. Toda a cidade, com a propagação pelo vento, sentirá esses efeitos danosos. Após – e durante – esse problema gravíssimo, milhares de caçambas terão de ser utilizadas para remoção de um entulho gigantesco que, até agora, ninguém disse para onde irá. Não é dito, também, como nossas águas serão afetadas, sendo certo que o serão, mesmo porque, depois de alguns meses, o pó do concreto baixará para todos os lugares. Não é mencionado, igualmente, como a mobilidade urbana será afetada durante meses a fio, uma vez que ¼ da cidade terá transtornos sérios de trânsito.

Antes, porém, o impacto fortíssimo da implosão acarretará problemas sérios em um raio urbano que pode ir de 5 a 15 km, ninguém sabe ao certo, com consequências óbvias nas estruturas de incontáveis prédios das regiões atingidas. Serão utilizados mil quilos de dinamite, vale dizer, uma tonelada de explosivo e tudo que lançará no ar, começando pela pólvora.

De qualquer ponto de vista que se analise, uma coisa é certa: Porto Alegre nunca passou por algo parecido. Por isso, o debate precisa ser realizado com seriedade e fora da área meramente futebolística, onde as paixões costumam imperar sobre a racionalidade, restando pouco espaço para pensar a cidade, o meio ambiente e nossas vidas. Além disso, a empresa adquirente pode usar os outros 9 hectares da mesma área para construir seus prédios comerciais e residenciais à vontade.

Preservar o Estádio Olímpico, portanto, é um imperativo de bom senso, de preservação da vida e de respeito à cidadania. Em outro momento, quando tivermos dados que ainda não estão disponibilizados, analisaremos o que representa a construção de vários mega-edifícios no local, suas conseqüências na infra-estrutura de esgoto cloacal e pluvial, além da telefonia e energia elétrica. Tomara que, até lá, o Olímpico ainda exista e a catastrófica implosão tenha ficado no passado.

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